quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cresce número de cooperativas atuando no fornecimento de produtos para a merenda escolar

De norte a sul do país, cresce o número de cooperativas de trabalhadores que celebram acordos com o poder público para fornecimento de produtos para a alimentação escolar, garantindo maior qualidade no cardápio e aquecendo a economia local de dezenas de municípios. Exemplos como os de associações de piscicultores, em São Paulo e Espírito Santo; cooperativas de agricultores no Maranhão e Rio Grande do Sul. Dessa vez foi a Cooperativa Agropecuária Mista de Benevides (Coopaben), no Pará, que assinou na última semana contrato com a Secretaria Municipal de Educação daquela cidade. O acordo teve apoio da Emater - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Desde a homologação da Lei Federal no. 11.947, do ano passado, pela qual o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) estabeleceu a obrigatoriedade de pelo menos 30% de toda merenda escolar advirem de produtos da agricultura familiar municipal, a Coopaben é a primeira cooperativa da Região Metropolitana de Belém (RMB) a oficializar a parceria com as escolas públicas.

A partir de 2010, o grupo passou a abastecer as instituições educacionais com farinha de tapioca, ovo de galinha caipira, cheiro-verde e jambu, entre outros. Este ano, o maxixe e quiabo foram incluídos. São mais de cinco toneladas de alimentos por mês, compondo as refeições de 20 mil alunos de 24 escolas. O preço pago via contrato à cooperativa é considerado "bom, acima da média - representando, para o produtor, um lucro de até 40%", explica o chefe da Emater em Benevides, Edowardo Shimpo. O valor total ultrapassa R$ 200 mil.

Comunidades - A Coopaben, criada em 2008, reúne 21 agricultores, cujas principais atividades são horticultura, fruticultura e criação de galinha caipira. Indiretamente, são beneficiadas outras 400 famílias de 13 comunidades de Benevides e municípios vizinhos, cuja produção é comprada pela cooperativa. "O único apoio real que sempre tivemos foi o da Emater, e isso desde o começo, quando éramos apenas um grupo de agricultores avulsos batalhando para compor uma cooperativa", lembra o presidente da Coopaben, Moacir Miranda.

A iniciativa de cooperativismo começou estimulada pela Emater, à medida que os próprios agricultores começaram a identificar que a problemática da comercialização perpassava pela necessidade de se profissionalizarem cada vez mais e, principalmente, de divulgarem seu trabalho e seus produtos - sendo que, unidos, a capacidade de negociação, a gestão de negócios e a credibilidade dos serviços, entre outras conquistas, aumentam consideravelmente.

"Aconteceu de eu, digamos, querer comprar jerimum, e, mesmo sendo agricultor, não saber se algum vizinho meu cultivava e vendia. Acho que a Cooperativa funciona como uma rede de serviços, de contatos, de lutas, de real agronegócio. Agora não produzimos isolados, nem invisíveis para os governos e para o mercado", comemora o produtor Vicente Aguiller.

A Coopaben também tem feito frente para a criação da Secretaria de Agricultura, do Conselho Rural e do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) em Benevides. "A ausência dessas entidades do município prejudica até a validação dos nossos serviços e produtos. Se tivéssemos SIM, por exemplo, poderíamos fornecer polpa de fruta para a merenda escolar, que é um beneficiamento nosso que chega a sobrar", lamenta Miranda.

Para o chefe do escritório da Emater em Benevides, Edowardo Shimpo, o exemplo da Coopaben pode servir de referência para vários grupos da Região Metropolitama de Belém, na qual municípios com grande potencial agrícola e comunidades repletas de experiência rural acabam funcionando como meras cidades-dormitórios - por falta de incentivos, de mercado estruturado e de organização dos agricultores. Para esses casos, diz ele, "planejamento, apoio governamental, profissionalização e acesso a políticas públicas significam verdadeira oportunidade para o agricultor familiar".

Data: 24/02/2011

Fonte.: Emater e REBRAE


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